GRANDES CLÁSSICOS

O Departamento de Estatística, Estudos e Prospectiva (DEEP) da SAD fez uma pequena investigação sobre o grau de dependência externa (i.e. necessidade de recurso de última hora a renas com contratos por um só jogo) e obteve resultados preocupantes.

Facto: cumpriu-se esta semana o 24º jogo consecutivo em que foi necessário contratar renas. Ou seja, na próxima semana cumprir-se-á previsivelmente uma série de 25 jogos consecutivos com recurso a free-agents para completar lacunas. Não deixa de ser sintomático.

Outro facto: Destes 24 jogos, em 58,3% dos jogos (14) foram precisas duas renas ou mais. Apenas em 8 partidas (41,7%) houve somente 1 contratação extra.

A propósito, o último jogo só com "titulares" (contando com Artur) aconteceu em 25 de Janeiro - há quatro meses e meio, portanto. Um saudoso Benfica-Sporting em que o Glorioso não deixou os seus créditos por mãos alheias e despachou por 11-9 os adversários. Aliás, é de referir que este é o único jogo sem renas desde que é guardado registo das partidas no blogue (início de Dezembro do ano passado).

Isto em si não tem nada de preocupante - afinal, a utilização de renas, além de devidamente prevista nos regulamentos, mostra que temos capacidade de recrutamento, permite rodar novos talentos, e ir renovando o plantel à medida das necessidades... O problema é que é visível uma tendência clara para o agravamento da situação: são cada vez mais os jogos em que há necessidade de vários reforços. Não é preciso ser grande especialista em estatística para analisar a seguinte série longitudinal que o DEEP forneceu ao GRANDES CLÁSSICOS:

(nº de renas por partida - DEZ-JUL 2005)
2-3-2-2-3-1-1-0-2-1-1-1-2-1-1-4*-2-2-1-1-2-3-1-5-5-5-4-4-1-1-2-6

(*No jogo assinalado com *, nem as 4 renas impediram que houvesse um jogador a menos)

Segundo o DEEP, nos últimos 12 jogos, em 9 (75%) houve dois reforços extra ou mais. Nos últimos 10, em 6 (60%, para os mais destreinados em matemática) foi necessário recorrer a pelo menos 4 (!) pessoas para colmatar falhas. Nos mesmos dez últimos jogos, em 4 (40%) havia 5 ou mais participantes externos. Se a razoabilidade for boa conselheira e os acasos, imprevistos, impedimentos, infortúnios e afins não se repetem todas as semanas, alguma coisa não está bem para os lados da Venda Nova.

Acresce que o período inicial da série corresponde a uma fase em que ainda estavam no clube Francisco e Artur (que, apesar de nunca ter recuperado inteiramente o estatuto de titular, nunca foi aqui contabilizado como "rena", tantas as vezes que jogava) recorrentemente afectados por lesões que os levaram a abandonar a carreira e motivavam, não poucas vezes, as contratações extra. Nos últimos tempos, e tirando o famoso problema da unha do Tiago, ops problemas físicos têm sido menos frequentes.

Como corolário, no último jogo bateu-se um recorde: 6 renas, apenas 4 titulares. É a Lei Bosman, é verdade. E será também o Verão que, a juntar a impedimentos vários e justificáveis, tenderá provavelmente a agravar a situação. Mas apesar de para já ninguém querer fazer comentários, a nova época aproxima-se e sempre foi possível apurar que "a partir de Setembro, a SAD não deixará de defender os interesses do clube, a coesão do plantel e a competitividade dos jogos".